Janeiro de 2017 fechou como prenúncio de mais um ano complicado para o setor automotivo brasileiro. Carros e Comerciais Leves com 28% de queda nas vendas em relação a dezembro, ou 4% abaixo se comparado a janeiro de 2016 – que já havia sido bem ruim. Apesar do segmento de Comerciais Leves ter crescido 20% em relação a janeiro do ano passado, essa variação positiva em volume, de apenas 3.750 unidades, representa muito pouco e não pode ser considerada como tendência.
Aliás, tomar os meses de janeiro e fevereiro como indicadores daquilo que pode ocorrer no setor ao longo do ano é, no mínimo, irresponsabilidade.
Vem aí uma enxurrada de feriados prolongados
Até agora, o único fator concreto que temos para 2017, que poderá afetar negativamente as vendas no mercado doméstico, é a enorme quantidade de feriados prolongados ao longo do ano, a maior nos últimos dez anos em algumas regiões metropolitanas. Quanto mais feriados, menor a quantidade dos dias úteis para vendas e menor a disposição do consumidor para a compra. O índice de desemprego elevado e as restrições ao crédito não são fatos novos em 2017.
Em Caminhões e Ônibus, as vendas continuam desenfreadas e na “banguela”. Janeiro contabilizou mais de 30% e 40% de queda, respectivamente, contra o mesmo período de 2016.
Bandeirolas vermelhas hasteadas para as concessionárias que não fizeram a lição de casa quando deviam.
Já no setor de Máquinas de Construção, a produção deve andar de lado, favorecida pelas exportações e prejudicada pelo mercado interno deprimido, agravado pela implementação do Proconve MAR-1, que repete agora para esse segmento o que o setor de caminhões experimentou em 2012 no Euro 5, com antecipações de compras e aumento de preços pela nova tecnologia. Ter que repassar aumento de preços com o cenário atual, cá entre nós, não é uma tarefa fácil. Felizmente, desta vez a Petrobrás não vai deixar faltar o novo combustível.
Quanto as Máquinas e Implementos Agrícolas, que também entram no MAR-1 em 2017, bem, esse setor deverá viajar em voo de cruzeiro e apresentar crescimento, desde que o Governo não atrapalhe. O agronegócio/agroindústria continuam representando o hedging da Economia e respondendo por quase 50% das exportações do País.
Devemos analisar mais detalhadamente as projeções para o ano de 2017, somente após o Carnaval, porque este ano para o setor automotivo, de fato, deverá começar em março, o que não significa que o mercado só terá dez meses de vendas e alguns segmentos poderão até surpreender, positivamente.
Vamos aguardar.
Orlando Merluzzi – 03/02/2017