Em nenhum país a venda de carros elétricos decolou, pelo menos até aqui, sem algum tipo de incentivo governamental. São isenções fiscais, financiamentos subsidiados e várias formas de fomento com respaldo federal, estadual ou municipal, de Beijing a Oslo, de Amsterdam a San Francisco. Até agora foram vendidos, no total, 3,2 milhões de carros elétricos no mundo, 40% deles na China.
No Brasil já é motivo de preocupação no aftermarket e esse novo mercado trará riscos para muitas empresas, afinal, carro elétrico não troca velas, bico injetor, óleo, filtros e uma pastilha de freios pode durar 150 mil quilômetros. Contudo, essa nova tecnologia ainda vai levar muitos e muitos anos para começar a mudar a cara da frota circulante brasileira.
Você acredita que o governo brasileiro terá condições de oferecer um plano consistente de incentivo, subsídios ou renúncia fiscal para fazer um programa de veículos elétricos decolar por aqui?
Quais interesses prevalecerão e o que fazer com a Petrobrás? Imagine o tamanho do rombo que a redução da arrecadação faria no orçamento da União.
O mercado de usados
Outro ponto para pensar: Você compraria um carro elétrico usado? A duração e o peso das baterias, a capacidade de processamento no veículo, tudo evolui. Como será a obsolescência nesse novo mercado? Pelo que sabemos, a bateria de um carro elétrico precisa ser trocada após 160 mil quilômetros ou oito anos de uso e o preço de uma bateria nova custa 60% do valor do veículo, é claro que esse preço vai cair com os anos.
Mais uma questão: Um carro elétrico de hoje estaria obsoleto daqui a dez anos?
A febre dos carros elétricos vai chegar um dia, mas ainda não está muito visível no nosso horizonte. Para as empresas do aftermarket, meu conselho: “sem pânico, mas é bom começar a planejar”.
Orlando Merluzzi
Tendências, Tecnologia e Gestão 