A dança da motorização – Cap.2
Nos últimos anos a indústria automobilística passou a vender carros mais econômicos e com motores menores. O motor 1.0 chegou a representar 70% das vendas de carros no país e hoje representa 34%.
As montadoras desenvolveram motores mais potentes, com “menor cilindrada”. Carros de luxo e premium já são vendidos com motor 1.4 e desempenho excepcional, mas a tecnologia trouxe consigo preços não tão excepcionais.
Uma compra para poucos
Mais de 70% dos carros vendidos no Brasil possuem preço abaixo de R$ 85 mil. Pouco mais de 25% do mercado estaria disposto a pagar mais de cem mil reais por um veículo, seja por necessidade, conforto, status, espírito esportivo, paixão pelo ronco do motor mais potente, ou até mesmo para adotar uma nova tecnologia.
Nesta semana algumas marcas anunciaram o início das vendas dos modelos 100% elétricos no Brasil, com preços variando entre R$130 mil e R$180 mil.
Nos países desenvolvidos, onde a nova tecnologia já está começando a dividir as ruas com veículos movidos a combustão, os carros elétricos também custam caro e as vendas têm sido possíveis graças a políticas de incentivo, financiamento exclusivo, isenção fiscal e legislações específicas (isso vale para os carros e para os pontos de recarga, públicos e privados). Os países que ousaram retirar os incentivos, como Holanda e Dinamarca em 2016, viram as vendas dos veículos elétricos caírem imediatamente.
Conhecendo o perfil de compra do consumidor brasileiro e o mercado potencial, salvo a marca e o produto sejam premium, a nova tecnologia precisará ser acompanhada de preços excepcionais, para baixo. Os primeiros sinais não são muito animadores.
Orlando Merluzzi – Nov/2018
Tendências, Tecnologia e Gestão 