A quantidade de eventos previstos (certos) e possíveis (incertos), de hoje até 2024, é grande e todos afetarão as projeções de vendas de caminhões, para cima ou para baixo (ver quadro à direita no gráfico).
Novas normas de segurança, emissões de poluentes, nível de ruídos, segurança, controle eletrônico de estabilidade. Isso tudo custará mais caro.
Em 2022, 2023 e 2024 entrarão, de modo escalonado, todas as novas exigências para emissões, cabine e controles de segurança nos veículos. É muita coisa e irá aumentar os preços de alguns modelos de caminhões em, no mínimo, 20%. As novas exigências tecnológicas fazem com que as montadoras comecem a trabalhar com anos de antecedência, para alcançar os índices desejáveis. Só quem já trabalhou em desenvolvimento de produto tem a exata noção do tempo, energia, recursos e esforço, necessários para se atingir, por exemplo, uma redução de 4db no nível de emissão de ruídos de um caminhão.
Quem viveu a chegada do Euro 5 em 2012 deve se lembrar da antecipação de compras ao final de 2011. E agora? Qual será o comportamento do mercado? Na vez anterior a economia estava bombando e o Euro 5 era a única mudança, mas desta vez há muita incerteza no mercado e para complicar, as novas exigências técnicas entrarão em etapas e haverá aumento de preços em duas dessas etapas.
Hoje há falta de caminhões, que pode representar um volume represado o qual, talvez não se repita. Por outro lado, se a economia caminhar bem, o setor de caminhões reagirá rápido. Os índices de variação anual das vendas de caminhões são muito elásticos. Bastam dois anos de PIB consistentes seguidos que o setor reage com 10%, 20% de aumento em vendas, mas o efeito contrário também é verdadeiro.
Assim, o que ocorrer em vendas de caminhões neste ano de 2021 não refletirá uma tendência, pode ser um ano de recuperação, como pode ser de ajuste.
Tive um grande mestre na indústria automobilística que dizia: “toda projeção, no setor de caminhões, por princípio já nasce errada” (sic).
Orlando Merluzzi