CO2 – Quem é o vilão da pegada de carbono?

O setor de transportes representa 22% das emissões de CO2 no planeta. Portanto, quase 80% não vem do transporte.

  • Os aviões comerciais e o transporte marítimo de cargas representam, juntos, apenas 7% da emissão global de CO2, ou 32% da emissão de CO2 gerada pelo setor de transportes.

quem é o vilão

Agora, a teoria da conspiração. Um Boeing 747, se estivesse, hipoteticamente, em um trajeto de 600km (de São Paulo a Belo Horizonte) emitiria o mesmo que trezentos e cinquenta carros com motor 1.8 a gasolina, em equivalente de CO2, fazendo o mesmo trajeto pela Fernão Dias. Trazendo para a nossa realidade de carros flex com motores menores e menos poluentes (o etanol quase nem polui), guardadas as proporções analíticas não-científicas, um único avião “a jato” comercial emite, em gases de efeito estufa, o equivalente a mais de dez mil carros de passageiros. Pense em um jato fazendo a rota São Paulo-Paris em um voo que dura pouco mais de onze horas. Se for um modelo 777, suas turbinas geram 160 mil HP enquanto o carro de passageiro flex utiliza, em média, não mais que 20 HP. 

Quantos “jatões” existem voando ao mesmo tempo no mundo? Milhares. Adicione a isso, os “jatinhos” e complete com a brutal emissão de CO2 dos navios cargueiros que fazem a rota China-Ocidente. Nem vou incluir na contas, os enormes trens de carga movidos a diesel, com potência que pode atingir até 6 mil HP.

Depois de tudo isso, eu tenho que ouvir que o vilão emissor dos gases de efeito estufa é o carro que eu uso para ir até a padaria comprar pão ou até meu escritório e para fazer isso, eu deveria comprar um carro elétrico. Sim, eu compro o carro elétrico porque gosto da tecnologia e o produto é simplesmente espetacular, mas não por causa de uma agenda imposta.

Teremos aviões intercontinentais, trens e navios cargueiros movidos a etanol, células de hidrogênio e elétricos? Haja investimento em gigafactories e em mineração e produção de lítio, níquel, cobre, cobalto, manganês, grafite, terras raras e outros elementos nobres para essas baterias e coletores de energia.

Não é preciso cálculos em supercomputadores da NASA, para concluir que as contas da eletromobilidade e da redução da pegada de carbono, na mesma equação, não fecham.

Orlando Merluzzi (*)


(*) Sócio da MA8 Consulting, conselheiro de administração e especialista em gestão, governança e planejamento estratégico, atua no setor automotivo há 37 anos.


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