Os carros elétricos não passam no teste “da mina à roda” do ESG

  • Uma agenda desnecessária ao Brasil, mas importante para outros países.

minas e eletrificação

O mundo tem que reduzir as emissões de gases de efeito estufa e em especial, o CO2. Porém, a redução da pegada de Carbono não precisa de uma agenda imposta de eletrificação que oculte os impactos negativos ao meio ambiente, violações a direitos humanos e a emissão de gases de efeito estufa que ocorrem na mineração de elementos nobres e metais de Terras Raras, utilizados na produção das baterias e na composição dos carros elétricos.

Os carros elétricos são produtos com tecnologia impressionante, ainda em desenvolvimento, mas é sabido que não passam no teste “da mina à roda” do ESG. Além das questões de impacto ambiental (E) e de muitas infrações aos Direitos Humanos (S) – a ONU está repleta de denúncias – há falhas no (G) da Governança, quanto à falta de transparência por parte das fabricantes; refiro-me aos dados de emissões de gases de efeito estufa na mineração, extração e beneficiamento, toxicidade e segurança das baterias. Não é assim que construiremos um futuro melhor para a humanidade.

emissão de CO2

Para reduzir a pegada de Carbono, o Etanol é uma tecnologia consagrada, reduz em mais de 60% a emissão de elementos de GEE, gera empregos, sequestra Carbono, gera créditos, possui redes estabelecidas de distribuição, é viável operacionalmente e ainda conta com a sustentabilidade comprovada do setor sucroenergético brasileiro, o qual produz, além do etanol, açúcar e bioenergia, tudo isso usando apenas 1% do território. Como cereja do bolo, ao encher o tanque de um veículo com etanol você sabe, desde o início, quantos quilômetros poderá rodar, pois a relação de consumo km/l é confiável e relativamente estável para uso urbano ou rodoviário. Com o carro elétrico isso nem sempre é possível, apesar da autonomia nominal mostrada no painel; a relação de consumo de carga por distância percorrida, entre a autonomia virtual da bateria, no painel e a real, em uso, não é 1:1. 

Comparando-se os dados de emissões de dióxido de Carbono do poço à roda, a partir dos carros com etanol, seja híbrido ou motor a combustão interna, fica evidente que a tecnologia atende, com folga, as expectativas de redução da pegada de Carbono, sendo que o carro híbrido com etanol possui a mais baixa taxa de emissão de CO2 por quilômetro (ver gráfico acima) e os carros com motor a combustão, movidos a Etanol, possuem menores taxas de emissões (na cadeia toda) que os próprios carros elétricos. Com a tecnologia Etanol, não há impacto negativo na cadeia do ‘aftermarket’ brasileiro, o qual, isoladamente, representa 2% do PIB.

Um risco econômico 

As soluções de descarbonização dos países desenvolvidos não são “plug and play” para o Brasil e se forem implantadas aqui, por decreto ou por paixão, sem análise e aval de órgãos e entidades competentes da cadeia industrial, automotiva e energética, recomendando uma adaptação, o efeito para nossa economia será desastroso em médio e longo prazos e a conta será paga pela sociedade atual e pela próxima.

Você encontrará mais dados sobre baterias, mineração e ESG em outros artigos, aqui no portal.

Orlando Merluzzi (*)


(*) Sócio da MA8 Management Consulting, conselheiro independente de administração, consultor, especialista em estratégia, gestão e governança, é palestrante e atua no setor automotivo há mais de 37 anos.

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