Baterias íon de lítio. O mundo precisa de mais 380 minas até 2035

Lítio, Níquel, Manganês, Cobalto, Grafite…

380-minas

As agências internacionais de mineração e energia projetam um aumento exponencial de demanda por minerais nobres, para os próximos anos, decorrentes da produção de baterias. Os carros elétricos representarão uma parte dessa nova demanda e devem ser considerados, os aparelhos de comunicação, computadores, unidades estacionárias de backup, equipamentos militares, espaciais etc. Recentemente, a BMI (Benchmark Mineral Intelligence) alertou que o mundo precisará de, no mínimo, mais 380 novas minas até o ano de 2035 (isso é daqui a pouco mais de dez anos), calculado pela média atual de produção de cada mina existente. São novas minas de Lítio (74), Cobalto (47), Níquel (72), Grafite (97) e outras.

Segundo a MA8 (ver chart) o tempo médio necessário para colocar uma nova mina em produção regular é de sete (7) anos, com extremo de dez (10) anos. Um dos grandes gargalos é o “financiamento”, um processo complexo; estamos falando de centenas de bilhões de dólares para atender a essa demanda prevista. Em alguns países as licenças de mineração, ambientais e trabalhistas podem ser barreiras a serem transpostas. Assim, se juntarmos a necessidade para atender a demanda até 2035 (+380 novas minas), com o prazo médio para construir uma mina e colocá-la em produção regular… a conta não fecha e não se trata do aumento de preço das baterias por causa do preço das commodities, mas da impossibilidade de atender a toda essa demanda, a qual continuará crescente pelas próximas décadas.

As baterias íon de lítio sofrerão escassez de matéria prima em médio e longo prazos, o que tornará a atividade de reciclagem de baterias, algo fundamental para viabilizar os planos de crescimento da mobilidade elétrica e redução da pegada de Carbono. Os chineses utilizam, em sua grande maioria, as baterias LFP (base de Lítio, Ferro e Fosfato) e deverão sentir menos os efeitos da escassez, principalmente porque eles dominam a produção das células de baterias no mundo. Hoje, 80% da produção de cátodos, ânodos e materiais separadores dos eletrólitos estão nas mãos (e nas fábricas) da China e não se mudará essa matriz, da noite para o dia.

Indústria automobilística

Ford e GM já definiram que venderão somente veículos elétricos até 2035. Um redesenho do modelo de negócios, novas formas de ganhar dinheiro e uma enorme preocupação para as filiais e as redes de concessionárias em países onde os carros elétricos levarão mais tempo para se consolidar.

Os “forecasts” das grandes montadoras pelo mundo parecem montanha russa. A crise econômica global, a guerra de preços iniciada pela Tesla e o contínuo aumento de custos das baterias (contrariando as expectativas dos mais empolgados), obrigam as montadoras ocidentais a reestruturarem a cadeia de suprimentos e as próprias organizações.

Os chineses crescem em tecnologia, qualidade, design e vão ocupar o espaço das montadoras tradicionais em muitos países. Os japoneses devem reinventar as baterias em médio prazo.

Se todas as fabricantes vão para carros elétricos, um caminho aparentemente sem volta, é bom lembrar que EUA, União Europeia e Ásia representam, juntos, 88% de todo mercado automobilístico mundial. Os investimentos seguem o mercado e o Brasil representa pouco mais de 2,6% das vendas mundiais. Quem conhece o “jeito montadora ocidental de ser” na hora de construir um “business case” para novo investimento, sabe o que isso pode significar. Já os asiáticos possuem visão diferente na hora de fazer cálculos.

Disse a Ford em seu comunicado oficial: “Até 2030, todos os novos carros vendidos pela Ford na União Europeia serão elétricos e até 2035, todos os novos veículos comerciais Ford Pro, também. Essa transformação requer uma mudança significativa na forma como desenvolvemos, construímos e vendemos os veículos Ford e isso terá impacto na nossa estrutura organizacional, talentos e competências que necessitaremos no futuro”. – sic

Se você quiser falar mais sobre inteligência de mercado, estratégias e tendências automotivas, procure-nos na MA8.

Orlando Merluzzi

 

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